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O empoderamento de meninas adolescentes para proteger do VIH/SIDA e  evitar gravidezes precoces é um instrumento necessário para que elas possam alcançar o seu potencial e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. Entretanto, muitas meninas carecem de acesso a informações adequadas e são expostas a vários riscos relacionados à sua saúde sexual e reprodutiva.

Mesmo nos dias de hoje, com maior abertura de informação, falar de sexualidade continua a ser um taboo para a sociedade angolana. Mitos, crenças entre outros aspectos culturais estão entre os principais inibidores  da conversa aberta  sobre a sexualidade.

A Paula Franco, uma estudante de 15 anos, vem de uma família reservada. Ela conta que em sua casa o assunto é proibido, nem mesmo de uma simples mentruação as pessoas conseguem falar abertamente.

Quando tenho alguma dúvida sempre falo com a minha amiga que tem mais experiência e ela explica-me o que devo fazer. Mesmo os professores na escola evitam falar de assuntos relacionados a sexualidade, parece um assunto do outro mundo ” – explica a Paula a sorrir.


"Eu gosto de participar dos encontros de meninas, é
praticamente a única oportunidade que tenho para
tirar as minhas dúvidas e receber informações de qualidade."
Foto: UNFPA/Denizia Pinto

A Paula reconhece que o apoio da sua amiga é importante, mas pode ocorrer que as informações e conselhos dados  não sejam as mais acertadas. Quanto menos os conhecimentos sobre os riscos, menos são as capacidades de adotar comportamentos positivos que ajudem a reduzir as possibilidades de constrair uma Infecção de Transmissão Sexual (ITS), incluindo o VIH, bem como prevenir de gravidezes precoces e não desejadas.

É importante conhecer para prevenir.

Em Angola, a prevalência do VIH entre os jovens entre 15-24 anos de idade é de 0,9%, sendo a maior prevalência entre meninas e mulheres (1,1%) da mesma faixa etária (IIMS 2015-2016). O baixo nível de conhecimento sobre a prevenção do VIH destaca-se como um dos principais factores associados à vulnerabilidade das meninas e mulheres em relação ao VIH e outras ITS.

UNFPA trabalha no sentido de promover o acesso a informação sobre VIH e ITS, alcançando meninas e jovens mulheres entre os 10 e 24 anos, empoderando-as desta forma na tomada de decisão informada sobre saúde sexual e reprodutiva. Em parceria com o PNUD, o projecto de mobilização social de meninas para a prevenção do VIH/SIDA é realizado nas provincias de Luanda, Benguela, Huila e Cunene.

A Paula é uma das beneficiárias do projecto, participa dos encontros liderados pelo Centro de Apoio aos Jovens (CAJ), na província de Luanda. Ela reforça que todas as meninas precisam de orientações adequadas para poderem tomar decisões acertadas, principalmente quando iniciam a vida sexual.

Eu gosto de participar dos encontros de meninas, é praticamente a única oportunidade que tenho para tirar as minhas dúvidas e receber informações de qualidade. Os mobilizadores dominam os conteúdos e criam um ambiente confortável para falarmos abertamente”.

No âmbito deste projecto, desde 2017 até então,  mais de 30.000 meninas foram mobilizadas e recebem informações necessárias e a tempo oportuno sobre saúde sexual e reprodutiva e VIH. Entretanto, existem milhares de adolescentes e jovens, em Angola, principalmente as mais marginalizadas, que não têm esta oportunidade e por falta de informações, continuam expostas a vários riscos que podem comprometer o futuro destas e das suas famílias.

 

É necessário continuar a trabalhar com as meninas adolescentes e mulheres jovens para criar bases para comportamentos saudáveis, ajudando-as a alcançar o seu pleno potencial.