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O histórico sexual dos adolescentes na Huíla mostra que as primeiras relações sexuais acontecem aos 13 anos, facto que eleva o índice de gravidez na adolescência, de acordo com os resultados preliminares de uma pesquisa apresentada quarta-feira na cidade do Lubango.

A pesquisa foi realizada nos meses de Maio e Abril de 2017 pela Faculdade de Medicina do Lubango, da Universidade Mandume ya Ndemofayo, nos municípios do Lubango, Quipungo e Matala.
Os resultados do estudo apresentados pelo vice-decano da Faculdade de Medicina, Gilberto Raimundo, representam um esforço conjunto entre o Governo Provincial da Huíla, o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e para a Infância (Unicef).

O inquérito revela que 11 por cento das adolescentes tiveram a primeira relação sexual com um familiar, sobretudo primo, tio, padrasto e, em muitos casos, forçadas. A motivação para a primeira relação sexual é a atracção, a curiosidade em experimentar e a ignorância.

“Não basta dirigirmos as atenções à escola, festas e grupos de amigos, porque dentro de  casa está, às vezes,  o mal ou a pessoa que queremos evitar. Precisamos que os pais e os educadores disponibilizem informações para orientar os adolescentes para saberem se prevenir”, frisou. A condição social das famílias e o consumo de bebidas alcoólicas e de drogas estão na base do comportamento sexual desviante dos adolescentes, disse Gilberto Raimundo, para quem os consumidores de drogas são os mais afectados, devido ao poder do estupefaciente no desvio comportamental do indivíduo.

“Temos adolescentes a iniciarem a actividade sexual aos trezes anos. Isso mostra que o assunto é sério e preocupante para os pais e encarregados de educação de meninos nesta faixa etária. É preciso intervir antes,  com o aumento de informações preventivas”, argumentou.

Os resultados mostram que 45 por cento dos adolescentes já tiveram mais de um parceiro sexual, significando que este grupo esteve exposto ao risco de engravidar precocemente e de contrair doenças venéreas ou o VIH. Informou que, do número de adolescentes entrevistados, os rapazes são os mais curiosos.

A consultora do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Marina Machado, defendeu um trabalho profundo na sensibilização dos jovens, visando o sexo seguro.

Os resultados mostram que 45 por cento dos adolescentes já tiveram mais de um parceiro sexual, significando que este grupo esteve exposto ao risco de engravidar precocemente e de contrair doenças venéreas ou o VIH. 

Dados do Lubango

 

A amostra do inquérito no município do Lubango é constituída por indivíduos de 10 a 20 anos, dos dois géneros, com uma média de idade de 15,5 anos. O Lubango teve 57 por cento de amostra e reuniu 596 indivíduos.

A pesquisa mostra que 31 por cento dos adolescentes da capital da província da Huíla entrevistos já tiveram a primeira relação sexual. O inquérito serviu para medir a magnitude da experiência sexual e o nível de gravidez nos adolescentes, avaliar a influência da vida familiar, dos amigos e das escolas na vida sexual dos adolescentes, descrever factores psicossociais e analisar os factores e as práticas de protecção contra o VIH.   

O vice-decano da Faculdade de Medicina, Gilberto Raimundo, explicou que a pesquisa teve como objectivo  analisar variáveis como as características sociais e demográficas, influência do ambiente familiar, experiência sexual dos adolescentes, as habilidades inibidoras do VIH, práticas de aborto entre os adolescentes, usos de métodos, aspectos psicológicos e práticas culturais, entre outros. Acrescentou que a pesquisa visa descrever os factores relacionados com a gravidez entre adolescentes na província da Huíla, medir a magnitude, avaliar a percepção do assuntos nos encarregares de educação, técnicos de saúde e professores, bem como avaliar a influência dos programas sociais dirigidos ao grupo alvo.

A amostra total da pesquisa científica é de 1.178 indivíduos, de 19 conglomerados de 66 bairros urbanos e rurais, identificados nos municípios do Lubango, Matala e Quipungo. O estudo está a cargo da Faculdade de Medicina da Universidade Mandume ya Ndemofayo.

O inquérito cumpre com uma das recomendações da Assembleia Mundial da Saúde de Maio de 2011, que orientou a tomada de medidas para evitar a gravidez na adolescência, bem como a revisão de políticas governamentais no sentido de garantir a protecção dos menores, melhorar o acesso a contraceptivos e garantir a informação fidedigna, para reforçar os conhecimentos dos adolescentes.
Estas medidas visam reduzir o número de casamentos de menores de idade, o número de casos de gravidez em menores de 20 anos, as práticas sexuais entre adolescentes e diminuir a incidência do aborto inseguro nas comunidades.