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Dr. Babatunde Osotimehin, Sub-Secretário-Geral das Nações Unidas e Director Executivo do UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População. 

Nova Iorque, 23 de Maio de 2014

Este ano, o tema do Dia Internacional para Errradicação da Fístula Obstétrica: "Siga a fístula - Transformando vidas", reflete um importante passo na erradicação desta doença evitável que afecta cerca de dois milhões de mulheres e meninas nos países em desenvolvimento.

A fístula obstétrica espelha as desigualdades globais persistentes no acesso aos cuidados de saúde e os direitos humanos básicos. A maioria das mulheres que sofrem de fístula, um buraco no canal de parto, causado por um parto prolongado ou obstrução durante o parto, permanecem sem tratamento durante toda a sua vida, e a doença pode ter recorrência com facilidade nas mulheres e meninas que já tenham tido as suas fístulas tratadas cirurgicamente, mas recebem pouco ou nenhum acompanhamento médico e, posteriormente tornam a engravidar.

Para tratar a fístula e proporcionar cuidados e acompanhamento às mulheres, precisamos saber mais sobre quantas mulheres e meninas precisam de tratamento e onde vivem. Na maioria dos casos, o estigma obriga as mulheres que vivem com fístula, a permanecerem escondidas e isoladas de suas famílias e comunidades. Ao fazer o registo e acompanhamento sistemático de cada mulher e menina que sofre de fístula obstétrica, podemos fazer progressos significativos na melhoria de seu bem-estar e aumentar as oportunidades de sobrevivência de seus bebés nas gravidezes subsequentes.

Eliminar esta crise de saúde que é a fístula obstétrica, requer aumentar as capacidades dos países no fornecimento e acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva de alta qualidade, incluindo o planeamento familiar e cuidados maternos, especialmente cuidados abrangentes para emergências obstétricas. Acompanhamento e tratamento de todos os casos de fístula é fundamental, mas também é necessário que os países tomem medidas para prevenir a fístula, combatendo as causas socio-económicas e médicas subjacentes, eliminando as desigualdades sociais e económicas do género, impedindo o casamento de crianças e a gravidez precoce, promovendo a educação, especialmente para as meninas .

A fim de abordar a negligenciada violação dos direitos humanos e saúde que é a fístula obstétrica, o UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População, em colaboração com os seus parceiros em todo o mundo, lançou a Campanha Global de Erradicação da fístula à uma década atrás. Grandes progressos foram alcançados. Com o apoio do UNFPA, 47.000 mulheres e meninas foram submetidas a cirurgias para reparar as suas fístulas. As organizações parceiras têm proporcionado tratamento a muitas mais mulheres e meninas que vivem com fístula. No entanto, ainda há muito a ser feito e muito mais apoios e incentivo são necessários para permitir que a campanha possa expandir o seu alcance a todos os cantos do mundo onde as mulheres que sofrem de fístula permanecem isoladas e muitas vezes sem o conhecimento da disponibilidade ou mesmo a possibilidade de tratamento.

Chegou a hora de acabar com a fístula obstétrica e confrontar as circunstâncias que a perpetuam, incluindo a pobreza, a falta de acesso a cuidados médicos, o casamento infantil e a gravidez precoce. Temos os recursos e conhecimentos. O que precisamos agora é de vontade política para elevar o estatuto das mulheres e meninas, corrigir as desigualdades e proteger os direitos humanos de cada mulher e menina para que a fístula nunca mais prejudique a saúde, bem-estar, dignidade e capacidade de uma pessoa em participar e contribuir na sua comunidade .

 *Tradução feita pelo escritório do UNFPA em Angola.

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Statement on the International Day to End Obstetric Fistula by
Dr. Babatunde Osotimehin, United Nations Under-Secretary-General and Executive Director of UNFPA, the United Nations Population Fund

New York, 23 May 2014
The theme of this year’s International Day to End Obstetric Fistula, “Tracking Fistula – Transforming Lives,” reflects an important step forward in eradicating this preventable condition, which affects an estimated two million women and girls in developing countries.

Obstetric fistula highlights persistent global inequalities in access to health care and basic human rights. Most women who develop fistula, a hole in the birth canal usually caused by prolonged, obstructed labour, remain untreated for their entire lives, and the condition can easily recur in women and girls whose fistula has been surgically treated but who receive little or no medical follow-up and then become pregnant again.

To treat fistula and provide women with follow-up medical care, we need to know more about how many women and girls are in need of services and also where they live. In most instances, stigma forces women living with the condition to remain hidden and isolates them from families and communities. By systematically registering and tracking each woman and girl who has or had an obstetric fistula, we can make enormous strides in improving their well-being and increasing the chances of their babies’ survival in subsequent pregnancies.

Eliminating the health crisis of obstetric fistula requires scaling up countries’ capacities to provide access to equitable, high-quality sexual and reproductive health services, including family planning and maternity care, especially comprehensive emergency obstetric care. Tracking and treating all fistula cases is crucial, but it is also necessary for countries to take steps to prevent fistulas by addressing underlying medical and socio-economic causes, eliminating gender-based social and economic inequities, preventing child marriage and early childbearing and promoting education, especially for girls.

To address the neglected health and human rights violation of obstetric fistula, UNFPA, the United Nations Population Fund, together with partners around the world, launched the global Campaign to End Fistula a decade ago. Much progress has been made. With support from UNFPA, 47,000 women and girls have undergone fistula repair surgery. Partner organizations have provided treatment to many more women and girls living with fistula. However, much remains to be done, and far more support and momentum are needed to enable the Campaign to expand its reach to all corners of the world where women suffering from fistula remain isolated and often unaware that treatment is available or even possible.

The time has come to put an end to obstetric fistula and address the circumstances that perpetuate it, including poverty, lack of access to health care, child marriage and early childbearing. We have the resources and know-how. What we need now is the political will to elevate the status of women and girls, rectify inequalities and protect the human rights of every woman and girl, so that fistula may never again undermine a person’s health, well-being, dignity and ability to participate in and contribute to their communities.