23 de Maio de 2017
No ano passado, acompanhei a transformação total da vida de duas mulheres. Alice, do Malawi, aos 83 anos foi tratada com sucesso de fístula obstétrica, depois de viver com esta condição terrível e tratável por 66 anos. Jumwa, do Quénia, foi tratada aos 77 anos, depois de viver com fístula por 50 anos. Não tenho palavras para descrever o sentimento de esperança, cura e restabelecimento da dignidade que este tratamento proporcionou, em primeiro lugar, a estas duas mulheres, mas também aos seus entes queridos.
Embora estas sejam histórias de esperança, elas também são histórias de uma tragédia, sendo a tragédia em primeiro lugar o facto de ambas as mulheres terem sofrido de fístula. Elas nunca deveriam ter suportado as décadas de desconforto e vergonha que poderiam ter sido tão facilmente evitadas.
Chegou o momento de pôr fim a esse sofrimento onde quer que ocorra.
O tema do Dia Internacional para Eliminar a Fístula Obstétrica "Esperança, cura e dignidade para todos" é, essencialmente, um apelo para a concretização dos direitos humanos fundamentais de todas as mulheres e raparigas em todos os lugares, com uma atenção especial as deixadas para trás, excluídas e rejeitadas pela sociedade.
A erradicação da fístula é uma prioridade do UNFPA, o Fundo das Nações Unidas para a População, e é um passo-chave no caminho para a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável do mundo até 2030.
A erradicação da fístula é uma prioridade do UNFPA, o Fundo das Nações Unidas para a População, e é um passo-chave no caminho para a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável do mundo até 2030.
A fístula foi praticamente eliminada nos países mais ricos do mundo, por isso sabemos que pode ser eliminada em todos os países. É crucial um sistema de saúde forte e, maiores esforços para abordar as questões subjacentes que a perpetuam, incluindo a pobreza, a desigualdade de género, o casamento e a maternidade precoce e a falta de acesso a educação.
Trabalhando com nossos parceiros na campanha para acabar com a fístula, temos feito progressos na eliminação da fístula através da prevenção, tratamento e reintegração social. O UNFPA tem apoiado mais de 85.000 cirurgias de reparação de fístulas desde 2003, e mais de 15.000 casos, isto apenas em 2016.
Ainda assim muito mais precisa ser feito. Mais de dois milhões de mulheres ainda vivem com a doença, e 50.000 a 100.000 desenvolvem fístula a cada ano.
Não tem que ser assim. Com forte liderança política, investimento e acção, podemos acabar com esse flagelo nesta geração.
Por favor junte-se a nós para estar ao lado das mulheres e meninas mais pobres e marginalizadas do mundo. Estou confiante de que juntos, mobilizaremos o apoio e o compromisso necessários para transformar suas vidas em histórias de esperança e cura e livrar o mundo da fístula de uma vez por todas.
Dr. Babatunde Osotimehin, Sub- Secretário-geral das Nações Unidas e Director executivo do UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População.