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Formadores de 4 províncias capacitados em Gestão de Saúde Menstrual

 

 

O UNFPA e a associação Be Girl formaram de 5 a 9 de Julho de 2021, 27 membros de instituições governamentais e da sociedade civil em Gestão de Saúde Menstrual. Esta foi a segunda capacitação do tipo e incidiu agora em formadores das províncias de Benguela, Cuanza Sul, Lunda Sul e Moxico. Promover a igualdade de género e combater os estigmas à volta da menstruação são alguns dos objectivos deste programa.

 

Não foi a primeira vez que Silvino Elizabeth Candala ouviu falar de saúde sexual e reprodutiva. O jovem da Lunda Sul afirma que “já tinha tratado desses temas no JIRO (Juventude, Informada, Responsável e Organizada)”, mas “queria saber mais sobre como ocorre a menstruação”. A recente formação de formadores em Saúde Menstrual, Sexual e Reprodutiva que o UNFPA e a associação Be Girl organizaram virtualmente foi a oportunidade de que estava à espera. 

 

O que o jovem de 25 anos aprendeu nas 40 horas de formação online ao longo de cinco dias mudou totalmente a ideia que tinha sobre o ciclo menstrual. “Apegava-me aos mitos da minha comunidade, onde dizem, por exemplo, que se a mulher estiver neste estado e cozinhar o homem não pode comer. Descobri que, afinal, isso é mentira!”, reconhece.

A desconstrução dos mitos e tabus à volta da menstruação foi, precisamente, um dos pontos focais da acção conduzida por membros da Be Girl Moçambique, a quem Silvino Candala agradece profundamente. “Mais que formadores, foram facilitadores, indicando-nos os melhores caminhos a seguir”, salienta. As sessões incluíram outros temas relevantes como literacia corporal, puberdade e saúde reprodutiva, ciclo menstrual, prática SmartCycle e cuidados a ter durante a menstruação.

O envolvimento de adolescentes e jovens do sexo masculino no programa é uma das metas que as instituições envolvidas querem promover. Silvino Candala reconhece que esta mudança de perspectiva é necessária e foi uma das grandes revelações da formação. “Fiquei a saber que este assunto não é só do interesse das mulheres, mas de todos nós. Com os conhecimentos adquiridos, vou poder falar com mais propriedade quando formos para o campo informar as comunidades”, reconhece o formador, que faz “um balanço muito positivo das sessões”.


O UNFPA e a associação Be Girl formaram de 5 a 9 de Julho de 2021, 27 membros de instituições governamentais e da sociedade civil em Gestão de
Saúde Menstrual.

 

Como parte da formação, os participantes puseram também em prática os conhecimentos adquiridos junto de 60 meninas e rapazes das províncias foco. Em Benguela, Cuanza Sul, Lunda Sul e Moxico, onde se concentra quase 25% da população angolana, a vulnerabilidade das jovens adolescentes e mulheres é acentuada. Sobretudo nas províncias do Leste, a falta de infra-estruturas básicas, de água potável, energia e as graves carências nos sectores de educação e de saúde afectam o dia-a-dia de milhões de pessoas.

Esta foi a segunda formação de formadores virtual no âmbito da iniciativa de Gestão de Saúde Menstrual em Angola, iniciada em 2020 pelo UNFPA Angola em parceria com a Begirl Inc e os seus parceiros institucionais ministeriais e da sociedade civil (Ministério da Educação, Ministério da Juventude, JIRO, Ministério de Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Mwana Pwo, CAJ, ANASO, ANGOBEFA, REDE MULHER e AfriYAN). O objectivo é alcançar 2000 meninas e 2000 rapazes entre os 12 e 16 anos com informação sobre Saúde Menstrual, Sexual e Reprodutiva através de workshops educacionais nos quais formadores como Silvino Candala terão um papel preponderante.

 

Para além desta acção, e no âmbito de uma parceria com o Ministério dos Transporte, no dia 9 de Julho o UNFPA desenvolveu também em Cabinda um workshop sobre saúde menstrual orientado para 25 meninas e 13 rapazes. Na sessão, os participantes receberam smartcycles que permitem gerir os ciclos menstruais. As meninas receberam ainda calcinhas de menstruação com vida útil de dois anos. 

 

Para Olga Lourenço, activista e facilitadora do workshop, foi uma experiência totalmente nova, “porque normalmente temos o cuidado de conhecer o local da actividade, ter tempo de criar uma ligação com o grupo-alvo, mas neste caso foi tudo rápido o tempo curto não deu margem para nos prepararmos. Tivemos que nos manter calmas e nos concentrar naquilo que fazemos melhor, a princípio foi difícil conseguir que as meninas interagissem estavam tímidas, desconfiadas, nada descontraídas o que não foi para menos visto que as tiramos de um ponto sem as conhecer e as transportamos de autocarro para outro ponto longe das suas casas. Demorou um pouco para o grupo se sentir a vontade".

 

A grande meta deste conjunto de acções em várias frentes é permitir às meninas gerir a sua menstruação com confiança e dignidade, contribuindo para a realização de um direito humano fundamental, a promoção da igualdade de género e combate de barreiras e estigmas sociais e culturais à volta da menstruação.