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UNFPA, Angola - A Isabel Beth, participava de uma sessão educativa sobre o VIH/SIDA e prevenção da gravidez precoce liderado pelo UNFPA, quando soube pela primeira vez que é possível uma menina de 10 anos engravidar ou contrair o VIH.

Para a Isabel Beth, uma jovem angolana de 20 anos, esta informação era surpresa. Nunca ninguém lhe tinha explicado sobre o VIH/SIDA e os riscos de uma gravidez precoce. “Uma menina de 10 anos pode engravidar ou apanhar o VIH? Isto é muito perigoso!” – exclamou a Isabell Betty, em língua gestual.

“Uma menina de 10 anos pode engravidar ou apanhar o VIH? Isto é muito perigoso!”

A sua expressão facial tornava evidente o seu espanto e preocupação. Ela arregalava os olhos, demonstrando claramente o turbilhão de dúvidas que lhe assolava. Os seus gestos eram traduzidos em palavras pelo seu professor que acompanhava a sessão, facilitando a compreensão das informações transmitidas pela mobilizadora social.

Isabel Beth tem necessidades auditivas especiais e estuda numa escola de ensino especial em Rangel, província de Luanda. Para ela, o acesso a informações é um desafio, principalmente, fora da escola, por falta de estruturas adequadas para esta especificidade.

Eu prefiro conviver com os colegas que falam a mesma língua que eu. Compreendemo-nos uns aos outros e sinto-me mais segura-“ – explica a Isabel.

As dificuldades de comunicação e informação tornam-se maiores quando o assunto é saúde sexual e reprodutiva. Na verdade, é dificil falar de sexualidade com qualquer adolescente e jovem, por ser um tabú na sociedade.

Para a Isabel Beth e as suas colegas, tratar do assunto é um desafio ainda maior. “As pessoas se esqueçem que temos as mesmas necessidades e não nos dão as informações necessárias. Temos os mesmos direitos e devemos saber as informações para podermos cuidar de nós” – reforçou a Isabel Beth.

A Isabel Beth teve a oportunidade de acesso a informação e educação, mas existem muitas adolescentes e mulheres jovens com necessidades especiais que por falta de informações - adequadas e a tempo oportuno - são deixadas para trás e marginalizadas, tornando-se vulneráveis à exploração sexual, gravidezes não desejadas e infecção pelo VIH e outras infecções de transmissão sexual.

Ter informações sobre a saúde sexual e reprodutiva é um direito humano.

De acordo com os dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos 2015-2016 , em Angola, a falta de conhecimento, início precoce das relações sexuais estão associados às altas taxas de VIH/SIDA e gravidez precoce: apenas 33% dos jovens têm conhecimentos abrangentes sobre o VIH/SIDA e 50% das adolescentes engravidam antes dos 18 anos.

Permitir que os jovens com necessidades especiais exerçam os seus direitos sexuais e reprodutivos é um investimento fundamental para assegurar que outros direitos sejam realizados, nomeadamente o direito à educação, emprego, e empoderamento social.

O UNFPA promove um ambiente inclusivo e amplia as possibilidades para que adolescentes e mulheres jovens possam desfrutar de uma vida saudável e alcançar o seu potencial,contribuindo activamente para o desenvolvimento sustentável do país.

Para a Eva Teixeira, mobilizadora social do CAJ – parceiro do UNFPA na implementação do projecto – saber que tinha sido a primeira pessoa a elucidar as meninas sobre as questões de VIH/SIDA e gravidez  precoce era um motivo de orgulho.


Para a Eva Teixeira, saber que tinha sido a primeira pessoa
a elucidar as meninas
sobre as questões de VIH/SIDA e gravidez   
precoce era um motivo de orgulho. Foto: UNFPA/Denizia Pinto

“ Todos os jovens devem ter acesso a uma educação sexual abrangente, independemente da condição fisica, económica ou social ” .– reforçou a Eva.

Através deste projecto de mobilização social de meninas, financiado pelo Fundo Global, o UNFPA alcançou mais de 30.000 adolescentes e mulheres jovens entre os 10 e 24 anos de idade, nas províncias de Luanda, Benguela, Huila e Cunene.

A Isabel Beth é uma das beneficiárias do projecto, diz que “aprendi muito e aconselho outras adolescentes e mulheres jovens a estudar e esperar mais para iniciar a vida sexual".

 

Por Denizia Pinto

UNFPA/Angola