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Relatório de Impacto do Programa Ser Menina em Angola, do UNFPA, expõe carências e discriminação de jovens angolanas durante a menstruação

 

A menstruação é um período de privação e estigma para milhares de meninas e mulheres em Angola. Os efeitos que a desigualdade de género, pobreza ou até tradições têm sobre a vida de angolanas durante o ciclo menstrual marcaram a apresentação do Relatório de Impacto do Programa Ser Menina em Angola que o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) apresentou no passado dia 28 de Maio.

 

A saúde menstrual é um direito humano. Desde 2014, o dia 28 de Maio é dedicado à consciencialização da higiene menstrual. A data tem o objectivo de promover a educação de meninas e mulheres e mostrar a importância de se realizar uma boa higiene durante o período menstrual.  

 

Para assinalar a efeméride, o UNFPA apresentou o Relatório de Impacto do Programa Ser Menina em Angola, projecto do governo em parceria com a agência e outras organizações da sociedade civil. Entre Dezembro do ano passado e Janeiro último, este programa consciencializou dois mil meninos e meninas em Luanda, Huambo, Lunda Sul e Huíla sobre saúde menstrual. Durante cerca de cinquenta sessões, distribuíram-se duas mil calcinhas de menstruação e dois mil relógios menstruais. No âmbito do programa, 27 formadores foram capacitados sobre saúde menstrual. 

 

O live de apresentação dos resultados detalhados do projecto Ser Menina em Angola contou com a participação de Zuleica Wilson, apresentadora de televisão e Miss Angola 2013, e Igor Benza, modelo e figura importante da televisão nacional.


Zuleica Wilson, apresentadora de televisão e Miss Angola 2013

Neste diálogo, moderado por Ikena Carreira, Oficial de Comunicação, Parcerias e Mobilização de Recursos do UNFPA abordaram-se vários temas sobre a saúde menstrual de meninas e mulheres no mundo e soluções para a melhoria das condições sociais para a viabilização da estabilidade da saúde menstrual no mundo e em particular em Angola.

 

São muitos os factores que afectam o gozo pleno dos direitos humanos fundamentais de meninas e mulheres durante a menstruação, tais como o direito à educação, à saúde, à água e saneamento e à não discriminação e igualdade de género. Factores como crises humanitárias e tradições prejudiciais, aliados à falta de recursos económicos de muitas mulheres e meninas, dificultam-lhes também o acesso a produtos menstruais e à dignidade a que têm direito.

 

Por outro lado, os estigmas e normas relacionados com a menstruação reforçam, muitas vezes, práticas discriminatórias. As barreiras relacionadas com a menstruação na escola, no trabalho, nos serviços de saúde e nas actividades públicas também perpetuam as desigualdades de género, criando obstáculos às oportunidades educativas e laborais e ao empoderamento das mulheres e jovens adolescentes.  

  

Durante o lançamento do Relatório de Impacto do Programa Ser Menina em Angola, reflectiu-se ainda sobre o tema Saúde Menstrual de meninas e mulheres, os seus efeitos cascata sobre a Comunidade e quais os investimentos que podem ser feitos para que, em 2030, todas as meninas e mulheres possam gerir a sua Saúde Menstrual com Conforto, Confiança e Dignidade. Durante o live transmitiram-se também vídeos com depoimentos de jovens que receberam apoio e formação. Com a sua própria voz e experiência, ajudaram a espelhar o trabalho dos activistas deste projecto em Angola.