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Luanda, 03 de Julho de 2019 – No âmbito das comemorações dos 50 anos do UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População e dos 25 anos da histórica Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento - CIPD, o UNFPA Angola procedeu ao lançamento do Relatório sobre o Estado da População Mundial 2019, com a presença de Membros do Governo, Deputados da Assembleia Nacional, Corpo Diplomático, Representantes das Agências das Nações Unidas, parceiros da Sociedade Civil, da Academia e do Sector Privado, e de jovens angolanos.


Membros do Parlamento e do Governo Angolano, Representantes das Agências das Nações Unidas e membros da Sociedade Civil

O evento contou com dois momentos: Lançamento do Relatório e Roda de Conversa com três gerações de mulheres angolanas sobre o “alcance, desafios e oportunidades no exercício de escolhas e direitos”.

Na abertura do evento a Representante do UNFPA em Angola, Florbela Fernandes, reforçou o facto de que apesar dos ganhos notáveis, ainda existe um longo caminho a percorrer. Muitas pessoas ainda são deixadas para trás. A luta continuará até que todas as mulheres e meninas, em todos os lugares, sejam saudáveis, exerçam escolhas e tenham controle sobre seus futuros.

A Representante finalizou o seu discurso com o apelo para uma acção urgente de todos nós, para que os direitos e escolhas sejam uma realidade para tod@s – Se não agora, quando?

Frisando ainda que é com esta ambição que os governos do Quénia, da Dinamarca e do UNFPA organizam de 12 a 14 de Novembro em Nairobi, uma Cimeira para a qual estão convidados todos os países, doadores, organizações da sociedade civil e até mesmo o sector privado, para reforço dos compromissos de acordo com os princípios e objetivos do Programa de Açcão da Conferência.


Apresentação do Relatório pelo Dr. Pedro Sapalalo – Consultar na área médica e saúde pública

O relatório do Estado da População Mundial 2019, transmite mensagens que mostram que as escolhas e os direitos ainda constituem um desafio para muitas mulheres, ainda existem barreiras para o pleno exercício dos direitos.

O movimento global em defesa dos direitos reprodutivos, que começou na década de 1960, transformou a vida de centenas de milhões de mulheres, de modo que elas pudessem ter informações e os meios necessários para decidir sobre seus próprios corpos e também sobre o futuro. No entanto, apesar dos avanços dos últimos 50 anos, com a criação da agência das Nações Unidas especializada em saúde sexual e reprodutiva, o UNFPA, Fundo das Nações Unidas para a População, ainda existe um longo caminho a percorrer até que todas as pessoas no mundo possam reivindicar os seus direitos e a liberdade de decidir.

Neste caminho , as mulheres e meninas encontraram a cada passo, obstáculos sociais e económicos. Os avanços, assim como os desafios, são expostos no levantamento a partir de dois marcos importantes: o início das actividades do UNFPA (1969), a primeira agência das Nações Unidas dedicada ao crescimento populacional e às necessidades de saúde reprodutiva, e a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo em 1994, quando 179 governos se comprometeram com o desenvolvimento, reconhecendo que a igualdade do género e o atendimento às necessidades em educação e saúde, incluíndo a saúde reprodutiva, são pré-requisitos para o alcance do desenvolvimento sustentável no longo prazo.

Para falar sobre os avanços registados ao longo dos anos, tivemos a honra de receber na Roda de Conversa sobre o “Alcance, desafios e oportunidades no exercício de escolhas e direitos reprodutivos”, três gerações de mulheres angolanas que tiveram oportunidades diferentes, alcançaram marcos importantes, enfrentaram desafios diversos e empenharam-se para que o exercício dos seus direitos de escolhas fosse uma realidade e pudessem realizar os seus sonhos.


Esquerda para a direita: Sra. Anica António Filho, Sra. Sílvia Rodrigues, Sra. Maria Otília Andrade e Sr. Luis Samacumbi

Mulheres angolanas fortes, com história de superação e de luta constante pelos seus sonhos, sem deixar de lado a família e a contribuição para o desenvolvimento da sociedade. A Sra. Maria Otília Andrade, com mais de 60 anos é um exemplo de superação e de força. Angolana, casada, mãe de dois filhos e avó de cinco netos. Formou-se na área de Administração, porém desde 1998 exerce a profissão de pescadora que é a sua grande paixão. É a única mulher angolana a comandar uma embarcação de pesca de alto mar. No seu depoimento, ela frisou a importância da Educação Sexual, para que a menina possa fazer as melhores escolhas para a vida:

“Fui criada pelos meus pais e pelos meus padrinhos, quando a minha menstruação veio pela primeira vez, aos 14 anos, o meu padrinho ofereceu-me um livro entitulado - Tudo o que a mulher deve saber desde a adolescência até ao parto - esse livro foi a minha vida, tudo que sei e ensinei aos meus filhos aprendi com esse livro.”

A Sra. Anica António Filho, é outro exemplo de perseverança, formada em Psicologia Clínica e Enfermagem, ela encontrou muitos entraves para conseguir a sua formação:

“Foram vários entraves para conseguir me formar, fiz voluntariado e foi através da dedicação e empenho que me tornei uma profissional. O meu objectivo e vontade de aprender sempre foi maior e o meu desejo sempre foi salvar vidas.”

Ela deixou um conselho às meninas e jovens mulheres para seguirem os seus sonhos, traçar prioridades e caso já tenham iniciado a vida sexual activa, aconselhava-as a fazer o Planeamento Familiar para evitar a gravidez não planeada. 

A Jovem Silvia Rodrigues, de 25 anos, Licenciada em Língua e Literatura Portuguesa, escolheu não ficar no desemprego, visto não conseguir um emprego na sua área de formação. Ela apostou na área do empreendedorismo e em 2017, criou o seu atêlier de design. Hoje ajuda outras jovens na sua comunidade.

No final da roda de conversa, as nossas convidadas receberam um certificado de reconhecimento pela perseverança e por inspirar outras mulheres, jovens e adolescentes com as suas escolhas de vida.


Esquerda para a direita: Florbela Fernandes – Representante do UNFPA,  Sra. Anica António Filho, Sra. Sílvia Rodrigues, Sra. Maria Otília Andrade e Sr. Luis Samacumbi – Oficial de Programas do UNFPA.

O evento terminou com os parabéns ao UNFPA, corte do bolo personalizado para as comemorações dos 50 anos do UNFPA e 25 anos da CIPD.


Esquerda para a direita: Florbela Fernandes,  Sra. Anica António Filho, Sra. Maria Otília Andrade, Sra. Sílvia Rodrigues.

Para baixar o relatorio completo acede ao link: http://bit.ly/Relatório_EstadodaPopulaçãoMundial2019

Para ver mais fotos do evento: http://bit.ly/30kQwDf